escultura

O ESTILO

Miro Soares se identifica com um estilo determinado, o abstracionismo. E mais especificamente, ele desenvolve sua produção voltada para o abstracionismo informal. Portanto, para aprofundar o entendimento do trabalho do artista, elaboramos a seguir um resumo desses dois conceitos artísticos:

ABSTRACIONISMO

O abstracionismo não é novidade na história da pintura. No passado, mais de uma vez, ocorreram formas e cores abstratas, desligadas completamente das realidades visuais. As primeiras manifestações, neste sentido, apareceram ainda na Pré-História. Eram intenções decorativas que negavam a representação do mundo exterior. Durante a Idade Média, como na alta antigüidade oriental, a representação da natureza foi muitas vezes ignorada. Embora figurativa, a pintura medieval - cristã primitiva, bizantina romântica e gótica primitiva – foi em essência abstrata, porque não se inspirava nas realidades da natureza, mas nas abstrações da crença religiosa. Numerosas seitas muçulmanas, recusam a representação figurativa da realidade, substituindo-a por desenhos ornamentais, os chamados arabescos, que obedeciam às prescrições religiosas impostas por Maomé.
Apesar disso alguns historiadores e críticos da arte moderna concordam em atribuir as primeiras pesquisas e realizações abstratas na pintura moderna ao russo Wassily Kandinsky (1866-1944), anteriormente figurativo de tendência fauvista. Kandinsky, entre outros, recusa a herança renascentista das academias de arte. Suas obras abstratas abandonam o compromisso de representar a realidade aparente e não reproduzem figuras, nem retratam temas. O que importa são as formas e cores da composição. O abstracionismo era a defesa de uma arte nãofigurativa, não-representativa, livre da obrigatoriedade de referir-se a qualquer elemento do mundo visível e regida por leis internas próprias, do ponto de vista plástico-formal. Pode-se identificar duas vertentes antagônicas principais, traduzidas pelo abstracionismo geométrico e pelo abstracionismo informal, que por sua vez subdividiam-se em diferentes tendências.
No Brasil esse estilo surge no ao final da década de 1940, período marcado pelo crescimento industrial e urbano do pós-guerra e pela intensificação do processo de modernização da sociedade. Tratava-se de um momento favorável à assimilação de novas idéias e o abstracionismo veio ao encontro de uma vontade de ruptura com o passado por parte de inúmeros artistas de nosso meio.
Durante e após a década de 50 as Bienais de São Paulo iriam se transformar num dos principais fóruns desse debate. Foram trazidos para o país alguns representantes da produção abstracionista contemporânea internacional, assim como importantes representantes da tradição moderna. Contribuindo para a coletivização dos novos pensamentos sobre a arte.

ABSTRAÇÃO INFORMAL

Como foi citado, o Abstracionismo divide-se em duas vertentes: o abstracionismo geométrico, que se fundamenta na geometria e na razão, exaltando o progresso técnicocientífico.
E o informal que se coloca como expressão da subjetividade do artista e prega a liberdade total de criação.
Miro Soares compartilha suas idéias com os informalistas. O informalismo inclinase ao percurso da emoção, ao ritmo da cor e à expressão de impulsos individuais, e encontra suas matrizes no expressionismo e no fauvismo. Os artistas abandonam a perspectiva tradicional e criam as formas no ato da pintura, utilizando-se de linhas e cores para exprimir emoções. Em geral, o que se vêem são manchas e grafismos.
Para alguns autores, o abstracionismo informal seria uma revolta do espírito contra a precisão mecânica da vida moderna, contra o culto do racionalismo e da exatidão da civilização industrial. Alguns abstratos puros entendem que, embora não partindo ou não se inspirando na natureza, o artista pode encontrá-la, quando expressa e comunica ritmos de vitalidade. Em defesa do abstracionismo informal também se alega que o quadro figurativo reproduz o mundo exterior; o quadro abstrato, o mundo interior do artista - as linhas e cores adquirem virtudes poéticas, verdadeiramente musicais, porque não representam as qualidades materiais da realidade física, mas as realidades do mundo psíquico do artista.
O abstracionismo informal teve no Brasil um grande número de adeptos de origem nipônica, vários deles mestres na hibridação entre as formas próprias da cultura e arte de seu país de origem ou ascendência e aquelas que se desenvolveram no ocidente pouco antes e ao redor da II Guerra Mundial. Como exemplo de artistas abstracionistas informais podemos citar Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Fayga Ostrower, Flávio Shiró, Antônio Bandeira, entre outros.

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