Por Angelo Passos.
O Brasil exportou neste ano, até maio, 12,7 milhões de sacas de café. Destas 71,7% (9,1 milhões de sacas foram despachadas no Porto de Santos e 9% (1,14 milhão de sacas) no Rio de Janeiro – que não produz café.
O ranking deveria ser assim?
Certamente, não. Caberia mais destaque ao Espírito Santo, segundo maior produtor
brasileiro de café e o primeiro do mundo em conilon. No entanto, por
deficiências portuárias, apenas 707 mil sacas (5,6% do total no país) foram
despachadas em Vitória, de janeiro a maio. Destas, somente 43 mil sacas (0,3%)
seguiram direto para o destino final, de acordo com as estatísticas do CECAFÉ
(Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Quanto às demais, uma parte
viajou de cabotagem para o Porto de Santos, e outra, por rodovia, para o Porto
do Rio de Janeiro. São as duas rotas de fuga do gargalo da Baía de Vitória,
onde só chegam navios pequenos.
O frete encarece em cerca de US$
2 (quase R$ 7) cada saca, pelo cálculo do Centro do Comércio de Café. “O nome
disso é desperdício, e deve tirar cerca de R$ 20 milhões do Estado neste ano”
diz o Presidente do órgão, Jorge Luiz Nicchio.
“Cerca de 40% do café produzido no Espírito Santo segue por rodovia
para ser exportado pelo Rio de Janeiro. O café do Leste de Minas também deveria
ser embarcado em Vitória. O Estado perde grande volume de recursos em serviços”
Jorge Luiz Nicchio – presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória.
Adivinha?
Quem paga a conta da perda econômica
do Estado provocada pela fuga das exportações de café para outros litorais?
Adivinhou! Toda a população, é claro! Muitos empregos deixam de ser abertos. O
comércio seria mais demandado.
Efeito em cadeia
O custo adicional do frete para
exportar café que sai do Espírito Santo é repassado do importador para o
exportador. Este busca negociar o preço com o produtor.
Cenários
A estimativa de perda de R$ 20
milhões com adicionais de frete nos embarques de café vale apenas pra 2017 –
ano de safra pequena no Estado e exportações também chochas. Em anos de grandes
colheitas, o prejuízo pode dobrar, chegando a R$ 40 milhões.
Fonte: A Gazeta/Vitória- ES, 23/06/2017,.
Pag. 30.