Maior produtor de café
conilon do país, o Espírito Santo deu o pontapé inicial para que o grão possa
ser comercializado na Bolsa de Valores já a partir da próxima safra.
A iniciativa
é da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca
(Seag), que solicitou no último mês à B3, antiga Bovespa, que estude essa
viabilidade.
“O governo
pediu para que seja avaliada a possibilidade de reabrir os contratos do mercado
futuro do conilon. Esses contratos existiram 25 anos atrás, mas a realidade era
diferente. Nesse período, o Estado ganhou expertise, mas ainda precisa evoluir
na comercialização”, explica o gerente de Agroecologia e Produção Vegetal da
Seag, Marcus Magalhães.
O objetivo é
dar mais oportunidade de comercialização para os produtores de conilon,
ampliando o mercado de compradores por meio da Bolsa, assim como hoje acontece
com outras commodities, como soja, carne e o café arábica.
A possibilidade de negociar sacas futuras também minimiza prejuízos e
aumenta lucros, uma vez que o produtor negocia os preços no momento da venda e
ganha tempo para fazer o planejamento até a colheita, diz Magalhães.
“Entre outubro e
novembro do ano passado, o mercado de conilon oscilava por volta de R$ 500 a
saca. Hoje, trabalha com cerca de R$ 400. Se já no ano passado houvesse a
possibilidade de o produtor no mercado aberto negociar, hoje ele não sofreria
com essa queda. Teria lucro”, exemplifica Magalhães.
Outro fator
positivo para o produtor é que os preços negociados previamente ficam mantidos
mesmo se houver volatilidade de condições climáticas.
Próximos
passos
A Bolsa não
tem um prazo determinado para finalizar os estudos de viabilidade solicitados,
mas a Seag acredita que os próximos passos serão concluídos nos próximos meses.
“Estamos
muito empenhados e trabalhando com bastante afinco para que a liberação
aconteça já para a safra do ano que vem. Existe todo um processo, um plano de
negócios para cadastrar os armazéns dos produtores do Estado”, afirma o gerente
da Seag.
Qualificação
Caso o aval
da Bolsa seja positivo, a secretaria também pretende firmar parcerias para
qualificar os produtores para realizar as operações.
“Eles vão
precisar se cadastrar numa corretora para fazer as negociações. Então, vamos
costurar com os atores envolvidos a realização de cursos de capacitação”, diz
Magalhães.
Segundo ele,
a negociação com a Bolsa não envolve custos para o Estado.
“Poderemos vender nosso café para o mundo”
O presidente
do Centro do Comércio de Café de Vitória, Jorge Luiz Nicchio, diz que a entrada
do café conilon na Bolsa vai permitir que os produtores possam alcançar novos
mercados fora do país, gerando impacto positivo no preço do produto.
“Será uma
ferramenta importantíssima que vai permitir atingir bons preços. Vai abrir o
leque de comercialização. Vamos vender nosso café para o mundo todo. O produto
vai estar disponível para todas as multinacionais”, avalia.
Nicchio
ressalta que a medida vai ao encontro do aumento de consumo e produção de
conilon nos últimos anos.
“O conilon
ocupava cerca de 25% do mercado de café 30 anos atrás, e a previsão é de que
até 2020 esse número chegue a 45%. O Espírito Santo é o maior produtor de
conilon do Brasil, e o país é o segundo maior produtor do mundo, atrás do
Vietnã. O cenário é completamente favorável para essa entrada na Bolsa”,
analisa.
Embora a
expectativa seja positiva, Nicchio diz que ainda não dá para prever em cifras o
impacto das novas operações de comercialização do conilon.