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11/07/2017

Café conilon capixaba pode ser comercializado na Bolsa de Valores

Maior produtor de café conilon do país, o Espírito Santo deu o pontapé inicial para que o grão possa ser comercializado na Bolsa de Valores já a partir da próxima safra.

A iniciativa é da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), que solicitou no último mês à B3, antiga Bovespa, que estude essa viabilidade.

“O governo pediu para que seja avaliada a possibilidade de reabrir os contratos do mercado futuro do conilon. Esses contratos existiram 25 anos atrás, mas a realidade era diferente. Nesse período, o Estado ganhou expertise, mas ainda precisa evoluir na comercialização”, explica o gerente de Agroecologia e Produção Vegetal da Seag, Marcus Magalhães.

O objetivo é dar mais oportunidade de comercialização para os produtores de conilon, ampliando o mercado de compradores por meio da Bolsa, assim como hoje acontece com outras commodities, como soja, carne e o café arábica.

A possibilidade de negociar sacas futuras também minimiza prejuízos e aumenta lucros, uma vez que o produtor negocia os preços no momento da venda e ganha tempo para fazer o planejamento até a colheita, diz Magalhães.

“Entre outubro e novembro do ano passado, o mercado de conilon oscilava por volta de R$ 500 a saca. Hoje, trabalha com cerca de R$ 400. Se já no ano passado houvesse a possibilidade de o produtor no mercado aberto negociar, hoje ele não sofreria com essa queda. Teria lucro”, exemplifica Magalhães.

Outro fator positivo para o produtor é que os preços negociados previamente ficam mantidos mesmo se houver volatilidade de condições climáticas.

Próximos passos

A Bolsa não tem um prazo determinado para finalizar os estudos de viabilidade solicitados, mas a Seag acredita que os próximos passos serão concluídos nos próximos meses.

“Estamos muito empenhados e trabalhando com bastante afinco para que a liberação aconteça já para a safra do ano que vem. Existe todo um processo, um plano de negócios para cadastrar os armazéns dos produtores do Estado”, afirma o gerente da Seag.

Qualificação

Caso o aval da Bolsa seja positivo, a secretaria também pretende firmar parcerias para qualificar os produtores para realizar as operações.

“Eles vão precisar se cadastrar numa corretora para fazer as negociações. Então, vamos costurar com os atores envolvidos a realização de cursos de capacitação”, diz Magalhães.

Segundo ele, a negociação com a Bolsa não envolve custos para o Estado.

“Poderemos vender nosso café para o mundo”

O presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória, Jorge Luiz Nicchio, diz que a entrada do café conilon na Bolsa vai permitir que os produtores possam alcançar novos mercados fora do país, gerando impacto positivo no preço do produto.

“Será uma ferramenta importantíssima que vai permitir atingir bons preços. Vai abrir o leque de comercialização. Vamos vender nosso café para o mundo todo. O produto vai estar disponível para todas as multinacionais”, avalia.

Nicchio ressalta que a medida vai ao encontro do aumento de consumo e produção de conilon nos últimos anos.

“O conilon ocupava cerca de 25% do mercado de café 30 anos atrás, e a previsão é de que até 2020 esse número chegue a 45%. O Espírito Santo é o maior produtor de conilon do Brasil, e o país é o segundo maior produtor do mundo, atrás do Vietnã. O cenário é completamente favorável para essa entrada na Bolsa”, analisa.

Embora a expectativa seja positiva, Nicchio diz que ainda não dá para prever em cifras o impacto das novas operações de comercialização do conilon.

 

Fonte: A Gazeta/Vitória- ES, 10/07/2017,. Pag. 28.