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20/07/2017

Café conilon inicia recuperação no ES

Por Alda do Amaral Rocha, de São Paulo

 

Perto de ser finalizada, a colheita de café conilon da safra 2017/18 no Espírito Santo deve ter um crescimento de cerca de 20% em relação ao ciclo anterior, quando a produção foi fortemente afetada pela seca. Agora as atenções se voltam para a próxima temporada, que pode confirmar uma retomada mais alentada da colheita no Estado, que é o maior produtor da espécie conilon do Brasil.

 

A colheita no Espírito Santo atingiu mais de 90% da produção prevista, segundo estimativas de entidades locais. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) deve ir a campo em agosto para estimar a produção capixaba de conilon, mas a expectativa é que se confirmem as 6 milhões de sacas esperadas até agora. Se o número se concretizar, o avanço em relação ao ciclo 2016/17 será de 20%.

 

De acordo com Romário Ferrão, coordenador do Programa Cafeicultura do Incaper, a colheita só não foi finalizada porque as variedades mais tardias ainda estão em maturação.

 

A Cooperativa dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), em São Gabriel da Palha, no norte do Espírito Santo, já recebeu 596 mil sacas de café da safra 2017/18, segundo o gerente geral Edimilson Calegari. A previsão da Cooabriel, principal cooperativa de conilon do Brasil, é receber 700 mil sacas neste ciclo - na safra anterior, foram 600 mil sacas. "A colheita está um pouco  atrasada por causa das chuvas recentes", diz. A precipitação não é intensa, mas tem caído durante dias seguidos.

 

Na projeção da Cooabriel, a produção no Estado deve crescer entre 10% e 20% sobre as 4,5 milhões de sacas estimadas em 2016/17. Calegari observa que deve haver avanço na produção a despeito da redução das lavouras no Estado pois houve melhora no rendimento dos cafezais. "Em 2016, não tivemos aquele calor absurdo de 2015", afirma. As altas temperaturas e a falta de chuvas de então fizeram a produção de café no Espírito Santo ter forte queda na safra 2015/16, o que levou produtores a erradicarem cafezais.

 

Além de menos calor no ano passado, volumes suficientes de chuvas entre novembro e dezembro de 2016 no Estado também garantiram um bom desenvolvimento dos grãos colhidos neste ciclo 2017/18, observou.

 

A estimativa do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) para a safra cuja colheita está sendo finalizada é mais otimista que as demais. De acordo com Jorge Luiz Nicchio, presidente do CCCV, deve ficar entre 6 milhões e 6,5 milhões de sacas ante 5,5 milhões no ciclo precedente.

 

Mas a projeção inicial do CCCV era de que pudesse alcançar até 7,5 milhões de sacas, diz. No entanto, segundo ele, as plantas estavam muito "sofridas" após quase três anos de seca por isso "não carregaram [de grãos] como poderiam".

 

Para a próxima safra, a 2018/19, a expectativa é que as plantas se recuperem, permitindo que a produção de café conilon no Estado volte a crescer. Embora cauteloso, Romário Ferrão, do Incaper, afirma que se o clima continuar ajudando, será possível "repor parte da produção" perdida nas safras 2015/16 e 2016/17. Segundo ele, a média de chuvas no Estado ficou acima de 50 milímetros entre junho e julho, o que é benéfico para as plantas, mas ainda não o suficiente para repor os reservatórios de água do Espírito Santo.

 

Calegari, da Cooabriel, também afirma que "se continuar chovendo bem, todo mês, é possível ter uma safra boa" no Estado no próximo ciclo. "A planta vegetou bem, houve um bom desenvolvimento dos ramos", diz.

 

O coordenador do Programa Cafeicultura do Incaper acrescenta que as plantas estão "vigorosas" também porque a produção ainda foi baixa em 2017/18. Isso permitiu uma boa vegetação.

 

A continuidade das chuvas também é fundamental para uma boa floração dos cafezais capixabas. Algumas plantas precoces já estão florescendo neste mês, ma o pico deve ocorrer em agosto.

 

Com a colheita perto do fim, o conilon está sob pressão. "Os preços devem ficar entre R$ 400 e R$ 420 por saca até outubro, depois sobem", estima Nicchio, do CCCV.

 

Fonte: Valor Econômico, 20/07/2017, p. B10.