Por Alda do Amaral Rocha, de São Paulo
Perto de
ser finalizada, a colheita de café conilon da safra 2017/18 no Espírito Santo
deve ter um crescimento de cerca de 20% em relação ao ciclo anterior, quando a
produção foi fortemente afetada pela seca. Agora as atenções se voltam para a
próxima temporada, que pode confirmar uma retomada mais alentada da colheita no
Estado, que é o maior produtor da espécie conilon do Brasil.
A colheita
no Espírito Santo atingiu mais de 90% da produção prevista, segundo estimativas
de entidades locais. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e
Extensão Rural (Incaper) deve ir a campo em agosto para estimar a produção
capixaba de conilon, mas a expectativa é que se confirmem as 6 milhões de sacas
esperadas até agora. Se o número se concretizar, o avanço em relação ao ciclo
2016/17 será de 20%.
De acordo
com Romário Ferrão, coordenador do Programa Cafeicultura do Incaper, a colheita
só não foi finalizada porque as variedades mais tardias ainda estão em
maturação.
A
Cooperativa dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), em São Gabriel da
Palha, no norte do Espírito Santo, já recebeu 596 mil sacas de café da safra
2017/18, segundo o gerente geral Edimilson Calegari. A previsão da Cooabriel,
principal cooperativa de conilon do Brasil, é receber 700 mil sacas neste ciclo
- na safra anterior, foram 600 mil sacas. "A colheita está um pouco atrasada por causa das chuvas recentes",
diz. A precipitação não é intensa, mas tem caído durante dias seguidos.
Na projeção
da Cooabriel, a produção no Estado deve crescer entre 10% e 20% sobre as 4,5
milhões de sacas estimadas em 2016/17. Calegari observa que deve haver avanço
na produção a despeito da redução das lavouras no Estado pois houve melhora no
rendimento dos cafezais. "Em 2016, não tivemos aquele calor absurdo de
2015", afirma. As altas temperaturas e a falta de chuvas de então fizeram
a produção de café no Espírito Santo ter forte queda na safra 2015/16, o que
levou produtores a erradicarem cafezais.
Além de
menos calor no ano passado, volumes suficientes de chuvas entre novembro e
dezembro de 2016 no Estado também garantiram um bom desenvolvimento dos grãos
colhidos neste ciclo 2017/18, observou.
A
estimativa do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) para a safra cuja
colheita está sendo finalizada é mais otimista que as demais. De acordo com
Jorge Luiz Nicchio, presidente do CCCV, deve ficar entre 6 milhões e 6,5
milhões de sacas ante 5,5 milhões no ciclo precedente.
Mas a
projeção inicial do CCCV era de que pudesse alcançar até 7,5 milhões de sacas,
diz. No entanto, segundo ele, as plantas estavam muito "sofridas"
após quase três anos de seca por isso "não carregaram [de grãos] como
poderiam".
Para a
próxima safra, a 2018/19, a expectativa é que as plantas se recuperem,
permitindo que a produção de café conilon no Estado volte a crescer. Embora
cauteloso, Romário Ferrão, do Incaper, afirma que se o clima continuar
ajudando, será possível "repor parte da produção" perdida nas safras
2015/16 e 2016/17. Segundo ele, a média de chuvas no Estado ficou acima de 50
milímetros entre junho e julho, o que é benéfico para as plantas, mas ainda não
o suficiente para repor os reservatórios de água do Espírito Santo.
Calegari,
da Cooabriel, também afirma que "se continuar chovendo bem, todo mês, é
possível ter uma safra boa" no Estado no próximo ciclo. "A planta
vegetou bem, houve um bom desenvolvimento dos ramos", diz.
O
coordenador do Programa Cafeicultura do Incaper acrescenta que as plantas estão
"vigorosas" também porque a produção ainda foi baixa em 2017/18. Isso
permitiu uma boa vegetação.
A
continuidade das chuvas também é fundamental para uma boa floração dos cafezais
capixabas. Algumas plantas precoces já estão florescendo neste mês, ma o pico
deve ocorrer em agosto.
Com a
colheita perto do fim, o conilon está sob pressão. "Os preços devem ficar
entre R$ 400 e R$ 420 por saca até outubro, depois sobem", estima Nicchio,
do CCCV.