Por Camila Cechinel
A exportação de café
capixaba em 2017 está
estimada em 1,8 milhão de sacas entre as espécies arábica e conilon. O volume é o
menor dos últimos 35 anos. Para o presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Jorge
Luiz Nicchio, há duas razões para o cenário: a seca, que devastou as
lavouras do estado entre 2014 e 2016, e o Porto de Vitória, considerado obsoleto
para realizar embarcações até o destino final.
É verdade que o longo período de estiagem por qual o estado
passou trouxe consequências negativas para a cafeicultura, ocasionando em
baixas produções de café e resultando em uma
queda no volume de sacas exportadas em 2017, mas, ao que parece, a questão vai
muito além dos problemas climáticos.
De acordo com Nicchio, o Porto de Vitória não comporta
navios de grande porte, fazendo com que o frete fique encarecido, uma vez que
as mercadorias precisam desembarcar no Porto de Santos ou no Rio de
Janeiro para seguirem até o destino final. O processo, chamado de cabotagem,
além de cobrar 2 dólares por saca de café, demora de 7 a 10 dias para finalizar
a entrega.
"O Leste de Minas Gerais produz cerca de 7 milhões de
sacas de café, com 70% sendo exportado. Mesmo estando bem próximo do Espírito
Santo, devido ao custo adicional, o produto não vem para o Porto de Vitória,
indo direto para outras baías, por transporte terrestre", explica o
presidente. Vale dizer que são os importadores que determinam por qual porto a
mercadoria deve embarcar, preferindo os de menores custos ou os mais
vantajosos.
De acordo com o representante da CCCV, o governo do estado
federal está realizando há cinco anos uma dragagem no Porto de Vitória,
para aumentar a sua profundidade e permitir que navios de 265 metros consigam
atracar. Porém, apenas embarcações de 350 metros fazem as exportações sem fazer
paradas. Hoje, o máximo é de 242 metros de atracagem.
"Temos outras atividades agrícolas exportáveis além do
café. Somos prejudicados nos produtos que vendemos e compramos. O nosso porto
não condiz com o nosso tamanho", disse Nicchio.
Para a safra 2017/2018, é esperado que o Espírito Santo
produza 6,5 milhões de sacas de conilon e 3 milhões de arábica, volume 20%
superior ao ciclo do ano passado.
Fonte: Café Point (www.cafepoint.com.br)
https://www.cafepoint.com.br/noticias/producao/porto-de-vitoria-nao-suporta-grandes-embarcacoes-de-sacas-cafe-106992n.aspx
acesso em 31/08/2017.