O Espirito Santo vive um
longo período de seca desde 2013, o que afetou em cheio a produção agrícola.
Muitas plantações foram prejudicadas, entre elas a de café, que em sua maioria
precisa de irrigação durante o cultivo.
Como resultado, em quatro anos o Estado deixou
de produzir mais de 13 milhões de sacas de café conilon seu principal produto devido à falta de água. A expectativa
é de que a safra do grão volte ao patamar que estava em 2014, colhendo 12
milhões de sacas por ano, em 2019, um dos melhores níveis da história.
A análise foi apresentada pelo pesquisador do
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper),
Romário Gava Ferrão, durante uma das palestras do TecnoAgro, evento realizado
pela Rede Gazeta na semana passada.
Segundo ele, em 2014 foram produzidas aproximadamente
12 milhões de sacas de conilon. Em 2015, como reflexo da seca, esse número caiu
para 8 milhões; em 2016, foram 5 milhões e , este ano, deve ficar em torno de 6
milhões.
De acordo com o pesquisador, para que a
produção volte a crescer será preciso que as precipitações se normalizem e
encham os reservatórios naturais, lençóis freáticos. Em conjunto, é necessário
haver o desenvolvimento e implantação de tecnologias para produzir mais café de
qualidade com menor consumo de água.
Essa relação entre colher mais café com menos recursos e espaço já é uma realidade
no Estado . Segundo Romário, me 1993 foram produzidos 2,4 milhões de sacas de
café Conilon em 500 mil hectares de área plantada. A área de plantio caiu para
240 mil hectares em 2014, mas a produção aumentou para 10 milhões de sacas do
grão. Para ele, o resultado foi obtido com pesquisa, uso de tecnologias,
inovação e empreendedorismo do setor cafeeiro.
PERSPECTIVAS
Ainda há muito a ser trabalhado e estudado
sobre o café. A meta é que, em 2030, sejam produzidas mais de 20 milhões de
sacas de café por ano, sendo que 30% seja de qualidade superior, com maior
valor agregado. A produtividade média passará a ser de 30 sacas por hectare de
café arábica plantado, e 50 sacas por hectare do conilon.
O caminho para chegar neste resultado de
produtividade passa pelo uso de tecnologias, entre elas estão as pesquisas
ligadas ao melhoramento e mapeamento genético das plantas para disponibilizar
ao produtor variedades mais resistentes à seca e com melhor qualidade de
bebida, desenvolvimento de mecanismo para reprodução das mudas, manejo e
cultivo e alternativas para uma cafeicultura sustentável.
Segundo o pesquisador Romário Gava Ferrão, a
crise hídrica que o Estado vem enfrentando ajudou a acelerar o desenvolvimento
de pesquisas. A ultima novidade é o lançamento de uma nova variedade de café conilon,
a “Marilândia ES 8143”, que é resistente a elevados níveis de estresse hídrico.
Para cada nova variedade de café conilon são
necessários, no mínimo, 12 anos de pesquisa. Para o arábica, esse tempo quase
dobra, levando pelo menos 22 anos de estudos.
Novas
variedades de café também serão lançadas
Além de atingir o melhor nível histórico de
produção de café, o ano de 2019 também deve ser marcado pela chegada de três
novas variedades do produto, que ainda estão em estudo , mas serão lançadas
pelo instituto Capixaba de Pesquisa, Assistencia Técnica e Extensão Rural
(Incaper). Uma será de café conilon e outras duas de café arábica, incluindo
uma genuinamente capixaba.
“Das novas variedades do arábica, uma será
composta por três novos tipos de plantas
voltadas para as regiões de altitude elevadas. Além disso, teremos a
primeira variedade totalmente capixaba desenvolvida pelo centro de pesquisas do
Incaper”, explica o pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão, durante palestra
no TecnoAgro.
Nesta nova variedade de Conilon, as mudas
diferentemente da “Marilândia ES 8143”, onde elas eram feitas a partir de parte
do galho do próprio pé de café, serão produzidas a partir da semente. “Ela vai
ao encontro do pequeno produtor de base
familiar, que muitas vezes tem dificuldade de ter irrigação e possui menos
recurso financeiros para comprar uma muda clonal. Teremos em 2019
aproximadamente 1,2 mil quilos de sementes para o plantio dessa nova variedade
no Espirito Santo”, antecipa Gava.