No último dia 13, o Centro do Comércio
de Café de Vitória (CCCV) realizou seu tradicional Coquetel de Confraternização
Natalina. O encontro permitiu a interação e congraçamento de integrantes de
diversos segmentos do negócio café do Espírito Santo e de outras praças
comerciais do Brasil e do exterior.
O Presidente do CCCV, Jorge Luiz
Nicchio, abriu a noite tributando homenagem à Ricardo Tristão, filho de Jônice
e Ilza Tristão, falecido precocemente aos 58 anos no dia 30/12/2017. Ricardo
era diretor da divisão internacional do Grupo Tristão, em Londres. Em sua mensagem
de agradecimento pela homenagem ao filho, Jônice Tristão, mencionou que “Ricardo
deixou para o mercado de café a imagem do compromisso, do respeito à concorrência
e ao clientes e da paixão pelos negócios; para toda a família fica um legado de
trabalho, integridade, competência, lealdade e honestidade; para a esposa e os
filhos, além do amor incondicional, fica o orgulho de um passado raro e um
exemplo para o futuro”. Jônice emocionou a todos e foi saudado de pé.
Em seu pronunciamento, Jorge Nicchio,
agradeceu ao Conselho de Administração e à sua Diretoria Executiva pelo apoio
na condução do CCCV e elencou os desafios que o setor enfrentou em 2018. Porém,
destacou as conquistas: recuperação da safra de café do Espírito Santo; crescimento
de cem por cento dos embarques por Vitória, de 2017 para 2018; da conquista pelos
cafés arábica e conilon capixabas dos primeiros lugares no prêmio Coffee Of The Year na Semana
Internacional do Café, além da decisão da Associação Brasileira de Cafés
Especiais de passar a receber em seu rol de membros, produtores rurais de café
conilon, demonstrando reconhecimento da qualidade do café conilon.
Jorge conclamou a todos a trabalharem
juntamente com os novos representantes políticos "pela recuperação da economia brasileira
e da nossa autoestima". Disse que o setor está pronto para isso e mencionou
investimentos de empresas associadas do CCCV, previstos para o Espírito Santo
em 2019.
PRONUNCIAMENTO
DO PRESIDENTE DO CENTRO DO COMÉRCIO DE CAFÉ DE VITÓRIA, POR OCASIÃO DO COQUETEL
DE CONFRATERNIZAÇÃO NATALINA.
Boa
Noite Senhoras e Senhores!
Saúdo
o Excelentíssimo Vice Governador do Estado do Espírito Santo, César Colnago - obrigado
por nos honrar com a sua presença. Na pessoa do Senhor Vice Governador estendo
meus cumprimentos à todas as lideranças e autoridades aqui presentes.
É
com grande alegria que o Centro do Comércio de Café de Vitória recebe a todos
vocês para seu tradicional Coquetel de Confraternização Natalina. Sejam todos
bem vindos!
Antes,
porém, de prosseguir com o meu discurso protocolar, quero me dirigir à família
Tristão, em especial ao Senhor Jônice e a Sra. Ilza Tristão, à Laura Tristão, ao
Ronaldo, Sérgio, e demais familiares que não puderam estar aqui presentes.
O
Centro do Comércio de Café de Vitória não poderia encerrar este ano sem devotar
a alguém tão querido por nós justo reconhecimento pela sua grandeza de caráter,
humanismo e trabalho dedicado à esta Instituição e ao setor exportador de café
do Brasil. Convido a todos a lembrarmos sempre de Ricardo Tristão!
***
Estamos
aqui nesta festa de confraternização, com nossos associados, amigos, entidades
representativas da economia capixaba, autoridades que nos prestigiam neste
momento. É com muita alegria que o Centro do Comércio de Café de Vitória recebe
a todos.
Aos
membros do Conselho de Administração e à Diretoria Executiva que já me acompanham
há dois mandatos e que aceitaram a tarefa confiada pela Assembleia Geral de dirigir
o Centro do Comércio de Café de Vitória por mais um ano, deixo o meu muito
obrigado pela ajuda constante - tenho aprendido muito com vocês. Somos um
colegiado e em nossas reuniões traçamos estratégias, discutimos e deliberamos
em conjunto sobre demandas que surgem e sobre o que é importante para o bom
andamento do setor exportador de café.
O
Centro do Comércio de Café de Vitória também está inserido no arranjo produtivo
do comércio exterior capixaba, onde, associado a outras entidades empresariais,
compartilhamos anseios e estratégias em comum – vejo aqui alguns rostos
conhecidos desse conjunto, obrigado por suas presenças.
Neste
ano teremos um incremento da ordem de cem por cento nas exportações de café: 4
milhões de sacas contra 2 milhões exportadas em 2017. A recuperação de nossa
produção foi fundamental nessa evolução. Sem dúvida, o conilon foi o responsável
pela retomada dos números da exportação capixaba. Porém, ainda estamos num
patamar bem abaixo dos anos de 2014 e 2015, quando embarcamos 6 milhões de
sacas/ano. A frustração vem dos
embarques de café arábica.
Segundo
a Conab, o Espírito Santo produziu quatro milhões e setecentas mil sacas de
arábica em 2018, das quais, dois terços são destinados à exportação ou, cerca
de três milhões de sacas. Mas, infelizmente, apenas um milhão e trezentas mil
sacas serão exportadas pelo porto de Vitória. Isso significa que mais da metade
do café arábica colhido aqui já não utiliza nosso porto, embarca diretamente em
portos de outros Estados, percorrendo a já obsoleta e perigosa malha rodoviária.
Além dessa perda local, também estamos deixando de embarcar cafés do Leste de
Minas Gerais, grande região produtora. O Brasil exportou em média 34 milhões de
sacas nos últimos 5 anos. Desse total, o Espírito Santo, com sua condição de segundo
maior produtor de café do país e dada a sua posição geográfica, poderia
exportar pelo menos 10 milhões de sacas/ano – quase três vezes o que vamos
embarcar em 2018!
Gargalos
logísticos, ineficiência da malha rodoviária e, principalmente, limitações do
nosso porto para receber navios de grande porte impactam negativamente a nossa
economia, reduzem nossa competitividade com outros países produtores e aumentam
custos em cerca de 7 reais por saca, retirando remuneração que poderia ser repassada
aos nossos cafeicultores os quais, brilhantemente, nos últimos anos, têm
atingido níveis espetaculares de produtividade e aumentado significativamente a
qualidade dos nossos cafés. Temos um desafio enorme pela frente: trabalhar por
uma infraestrutura compatível com a nossa produção e com as nossas empresas que
investem e se capacitam para atenderem aos mais altos padrões dos grandes
países consumidores mundo afora, e para cumprirem a complexa e rigorosa legislação
brasileira.
Distorções
tributárias também afetam o setor. Diferença de alíquotas de ICMS e vantagens
tributárias oferecidas por outros Estados produtores diminuem a competitividade
do café capixaba; estimulam empresas inidôneas a usarem mecanismos ilícitos de comercialização
e desfalcam os cofres públicos com menor arrecadação do ICMS. Precisamos
urgentemente que mecanismos sejam criados para permitir uma atuação rápida e
eficiente do Estado, evitando assim a disseminação dessa prática e os prejuízos
à imagem de nossa classe.
Por
isso, ressalto aqui a importância do comércio exportador nesse universo que é o
café. O Espírito Santo, segundo maior produtor de café do Brasil, com apenas
meio por cento do território nacional, possui cerca de 60 mil propriedades
rurais que cultivam o café. A maioria de pequenos produtores.
Mas
não estamos isolados no dinamismo do mercado mundial de café e alguém precisa mostrar
ao mundo consumidor a qualidade do nosso principal produto agrícola. Os
exportadores aglutinam volumes, arriscam-se nas bolsas, garantem escala, constância
e prontidão de fornecimento, padronizam e rebeneficiam,
condicionando os nossos cafés a atenderem às exigentes qualidades impostas pelo
mercado importador. Nos últimos 10 anos exportamos 43 milhões de sacas pelo
porto de Vitória, ou 160 milhões de sacas nos últimos 50 anos. Conseguimos
assim, de forma insofismável agregar valor ao produto e ajudar a empregar
diretamente cerca de 350 mil pessoas em nosso Estado. Só essa marca, por si,
demonstra nossa relevância para o desenvolvimento capixaba. O exportador de
café orgulha-se de fazer parte desse processo, de maneira incontestável.
Dois
mil e dezoito começou um pouco turbulento: a greve dos caminhoneiros
atingiu-nos justo quando colhíamos uma grande safra de café, provocando alguns
atrasos nos embarques e, depois de terminado o movimento, criando um ambiente
de negócios inseguro com a imposição de uma tabela de preços mínimos de frete.
Soma-se a isso outros fatores já citados e que nos desafiaram mais uma vez, mas
que vou deixar de lado aqui pra me ater às vitórias. Em meio a tudo isso, a
cafeicultura capixaba foi coroada nacionalmente: há poucos dias, durante a
Semana Internacional do Café em Belo Horizonte, os cafés capixabas alcançaram
os primeiros lugares no prêmio “Coffee of
the Year”, nas duas categorias: arábicas e canephoras. Também neste ano, a Associação Brasileira de Cafés
Especiais passou a admitir o ingresso de produtores rurais de café robusta em
seu quadro associativo, demonstrando reconhecimento ao avanço que a
cafeicultura de conilon alcançou no campo da qualidade.
É
isso que nos motiva! É isso que nos envaidece como capixabas! Tributo aqui
reconhecimento ao Governo do Estado do Espírito Santo que por meio da
Secretaria de Agricultura e do INCAPER, com o apoio de diversos atores, entre
eles o CETCAF, ajudaram nossos produtores nessa conquista. Meus parabéns!
Estamos
esperançosos com o novo ano que se aproxima. Acreditamos que a política
brasileira venha tomar novos rumos com a mudança de governo no primeiro dia de
janeiro. Um presidente eleito com discurso de mudança e promessas, principalmente,
de combate implacável à corrupção e de medidas econômicas para que o Brasil
volte a crescer. Precisamos colocar o Brasil em seu devido lugar de destaque no
cenário mundial e recuperar o tempo perdido e a nossa autoestima. Nos últimos
quatro anos sofremos com medidas equivocadas que reduziram nossa economia e
levaram o país a um nível de desemprego altíssimo. Mas estamos otimistas. Vislumbramos
melhoras nesse quadro já para o próximo ano. No que depender do café no
Espírito Santo, já para 2019, prevemos safra alta e exportações perto de 6
milhões de sacas. Nossos associados Cacique e Olam Agrícola farão grandes investimentos
e se juntarão à Realcafé na industrialização de café solúvel em terras
capixabas. Que os parlamentares eleitos juntamente com o Presidente possam de
maneira responsável e equilibrada, nos ajudar a colocar nosso país novamente
nos trilhos.
Quero
aqui encerrar agradecendo de coração aos meus familiares. Meus irmãos e irmãs,
meus filhos, minha amada esposa Bianca, meus sobrinhos..., família grande... que
muito tem me apoiado: sem vocês certamente eu não teria a capacidade de
desempenhar papel tão importante e a honrada missão que tiveram tantos grandes
homens que me antecederam: comandar uma entidade com 71 anos de enormes
serviços prestados à sociedade capixaba, o Centro do Comércio de Café de Vitória!
Desejo
um feliz natal e um ano novo com muitas realizações e, acima de tudo, esperançosos
de dias melhores. Concluo com um antigo provérbio que ilustra bem o espírito
determinado de nossa classe:
“Se os ventos não vão
servir, leve os remos”
Muito
obrigado!
Vitória,
13 de dezembro de 2018.
JORGE
LUIZ NICCHIO