Publicado em 13/10/2020
Fonte: Centro do Comércio de Café de Vitória
cccv@cccv.org.br
No mês de setembro as exportações de café conilon pelo Espírito Santo registraram, mais uma vez, recorde histórico para um mês. Foram embarcadas 667.995 sacas de 60kg do principal produto agrícola capixaba. Depois de passar 28 anos desde o último registro de sua melhor marca, ocorrido em agosto de 1991, o Estado superou, em menos de um ano e meio, seu recorde histórico para um mês: em julho de 2019 e em junho e setembro deste ano.
Recordes mensais de
exportação de conilon
Agosto de 1991: 546.769
Julho/2019: 600.669
Junho/2020: 629.350
Setembro/2020: 667.995
Para Márcio Candido
Ferreira, presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), entidade
que reúne os exportadores de café do Espírito Santo, a razão para o bom
desempenho sucessivo das exportações de conilon está na valorização do Dólar,
aliado à maior disponibilidade do grão e à sua competitividade internacional em
relação ao “robusta” do Vietnã, maior concorrente do conilon capixaba. Márcio
acrescenta que as cotações na Bolsa de Londres, referência para o mercado de
conilon, apresentaram preços razoáveis para o produtor rural. “Os números da exportação confirmam nossa
previsão do início deste ano de que teremos safra alta, somada a um grande
volume de café remanscente da safra anterior”, declara o presidente do
CCCV.
Além do café conilon, a
exportação de setembro, incluíndo embarques de arábica (90.734 sacas) e de café
solúvel (29.943 sacas), totalizou 788.672 sacas. No acumulado do ano a
exportação total está em 4,8 milhões de sacas aproximadamente (77% conilon; 17%
arábica; 6% solúvel). Toda a receita cambial de 2020 soma cerca de 406 milhões
de dólares. Os principais destinos do café capixaba em 2020 são Estados Unidos
(17%), Bélgica (14%), México (14%), Turquia (7%) e Argentina (5%).
Por outro lado, se
analisados apenas o café arábica, vê-se um declínio sucessivo dos volumes
exportados. O CCCV comparou a produção com a exportação dessa variedade pelo
Porto de Vitória em um período de 19 anos, de 2002 até 2020. Enquanto a
produção de café arábica cresceu em média 5% a exportação caiu 4%.
Diferente do café
conilon, cuja maior parte da produção é voltada para o mercado interno, a
produção de arábica capixaba tem a maior parcela destinada ao exterior. No
período analisado, essa máxima foi verificada nos anos de 2002 até 2011, quando
se exportou mais do que foi produzido no Estado, escoando-se também, pelo Porto
de Vitória, a produção da região da Zona da Mata Mineira. Contudo, desde 2012,
observou-se exportação inferior à produção capixaba, mesmo nos anos de safra
alta. O ano de 2020 poderá encerrar como o ano em que menos se exportou café
arábica pelo Porto de Vitória, proporcionalmente à produção colhida.
No entendimento do
presidente do CCCV, fica claro que o Espírito Santo vem perdendo cargas de café
para outros portos, devido à falta de estrutura logística e portuária local,
problema cuja solução é cobrada há anos por vários setores que atuam no
comércio exterior do Espírito Santo.
Para
Márcio, entretanto, o cenário de baixa exportação de arábica, não tira o mérito
quando o assunto é café especial. Ele destaca os bons preços praticados para os
cafés arábica cereja descascado, variedade em que o Espírito Santo tem posição
importante no cenário nacional e internacional, tanto em volume quanto em
qualidade superior, fruto da dedicação dos produtores das Montanhas Capixabas
nos últimos 20 anos.