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09/06/2014

Conilon capixaba: produção maiúscula que chama a atenção de lideranças nacionais

A magnitude do Conilon capixaba chamou a atenção de lideranças da cafeicultura nacional

Integrantes do Conselho Nacional do Café (CNC) estiveram no Espírito Santo a fim de obter informações a respeito da produção do Conilon no Estado. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), foi o responsável por conduzir os trabalhos desta missão técnica. Na ocasião, 25% da produção nacional de café estava reunida no Espírito Santo: os integrantes da comitiva e a delegação capixaba respondem, juntos, por mais de 10 milhões de sacas de café produzidas no Brasil.

A comitiva chegou na última segunda-feira (26) e, ainda no aeroporto de Vitória, foi recepcionada pelo diretor-presidente do Incaper, Maxwel Assis de Souza, e pelo diretor-técnico do Instituto, Aureliano Nogueira da Costa, além dos pesquisadores Romário Gava Ferrão (Incaper) e Maria Amélia Gava Ferrão (Incaper/Embrapa Café).

A primeira parada foi no distrito de Timbuí, município de Fundão, região metropolitana da Grande Vitória. Os visitantes estiveram na propriedade da família Costalonga, considerada uma unidade de referência no cultivo de Conilon. O produtor adotou todas as recomendações do Incaper, e este “pacote” tecnológico fez com que a produção, a produtividade e a sustentabilidade da lavoura virassem referência para todo o país e até para o exterior. Para se ter uma ideia, a produtividade média na propriedade chega a 124 sacas por hectare.

Durante a visita, em plena época de safra do Conilon, os integrantes da missão técnica conheceram de perto as técnicas de colheita dos grãos, secagem, beneficiamento e armazenamento do café capixaba. Aspectos de manejo, como a poda programada de ciclo, também foram abordados. “Estou impressionado com o crescimento da planta. Vi lavouras em vários estágios de desenvolvimento. De um ano para outro o resultado é surpreendente no que se refere ao crescimento da vara. Além disso, praticamente não há quebra na produção”, admirou-se Arnaldo Bottrel Reis, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha e da Associação dos Sindicatos dos Produtores Rurais do Sul de Minas (Assul).

Em Marilândia, na Região Noroeste capixaba, os secadores de café atraíram a atenção dos visitantes. A equipe esteve também na Fazenda Experimental do Incaper. Lá, visitaram jardins clonais e o banco de germoplasma, que abriga as variedades genéticas do café Conilon com diversas características como tolerância à seca, resistência a pragas e doenças, entre outras.

“O Incaper é muito bem desenvolvido no Conilon, referência no Brasil e no mundo. O grau de tecnologia aqui é impressionante. Estou feliz de ver que o Conilon é rentável, e garante outro patamar na cafeicultura brasileira. O que mais chamou minha atenção foi a poda programada de ciclo, uma tecnologia que o próprio Incaper estuda para adaptar ao Arábica”, disse Marcos Mendes Reis, diretor da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Minasul).

Em São Gabriel da Palha, a missão técnica foi recepcionada pela equipe da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel). O cafeicultor Dario Martinelli, que já presidiu a instituição, também se fez presente. “O Produto Interno Bruto (PIB) industrial sofre retrocesso. E o setor que sustenta a economia é o setor cafeeiro. O café gera benefícios sociais e tem a incumbência de ser o mantenedor econômico do Espírito Santo. O custo ainda é alto por causa da importação de insumos. Mas a mão de obra é nossa, a tecnologia é nossa... A fábrica de café que é o Espírito Santo é um extraordinário gerador de divisas”, disse Dario Martinelli.

A produção de Conilon de qualidade foi observada na propriedade da família de Bento Venturim, em São Gabriel da Palha. O café produzido ali já foi premiado diversas vezes em vários concursos de qualidade. A propriedade adota o “pacote tecnológico” recomendado pelo Incaper, com clones de maturação precoce, média e tardia plantados em linha. “Começamos a colheita em maio e terminamos em agosto. Nossa produção passou de 400 para 4 mil sacas”, disse Isaac Venturim, quem, como o pai Bento Venturim, também é cafeicultor.

O maquinário instalado na propriedade também ajuda a fazer a diferença. O grão é selecionado, descascado, centrifugado e, só depois, vai para o secador. “Não usamos café que cai no chão. Um grão ruim na xícara pode comprometer o lote inteiro”, complementou Isaac Venturim.

Um dos pontos fortes da missão técnica foi a troca de experiências. Além de observar os diversos aspectos da cafeicultura de Conilon no Espírito Santo, os visitantes contribuíram com sugestões. “O Conilon quase não tem mucilagem. Se você passa no desmucilador, machuca o grão. Experimente mandar seu café direto para o secador. Você vai preservar mais o sabor da bebida”, sugeriu Marcos Mendes, que planta café Arábica em Minas Gerais. Isaac Venturim ficou intrigado com a possibilidade: “Vou separar um lote para fazer essa experiência”, disse em tom curioso.

No viveiro de mudas da Cooabriel, mais uma evidência da parceria entre as instituições. A Cooabriel multiplica os clones de Conilon desenvolvidos pelo Incaper, e distribui aos cafeicultores interessados para renovação da lavoura ou para o plantio em novas áreas. “Temos 30 mil matrizes com esta finalidade. Cada clone tem suas características genéticas. Hoje, há nada menos que 40 milhões de mudas da Cooabriel no mercado. Esta é a nossa menina dos olhos. Se aqui não vai bem, a cafeicultura de Conilon lá no campo também não vai bem. Hoje temos sucesso, e devemos tudo isso à parceria com o Incaper”, destacou Antonio Joaquim de Souza Neto, presidente da Cooabriel.

As mudas disponibilizadas aos cafeicultores de Conilon capixabas são plantadas na terra em sacolinhas plásticas, ou em substrato à base de casca de pinus, nos tubetes de 280 mililitros e em saquinhos biodegradáveis, que se decompõem no meio ambiente. As tecnologias usadas na produção de mudas são estudadas pelo Incaper, reforçando, mais uma vez, a parceria entre as instituições. “A Cooabriel foi uma das nossas primeiras parcerias, e continua sendo uma das melhores parceiras. Se a cafeicultura de Conilon no Estado é tudo isso, é devido à soma de esforços. Cada um fazendo o que faz de melhor”, orgulhou-se Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura.

Na sede da Cooabriel, os visitantes sentaram-se para degustar um cafezinho. Na xícara, é claro, foi servido café 100% Conilon. “Estamos orgulhosos por receber uma delegação deste nível. O caráter técnico desta visita é crucial. Temos que consolidar esta base técnica para os que estão chegando neste mercado. Os novos têm que entender essa dinâmica, e a importância de todos os agentes nela envolvidos, como o Incaper e a Cooabriel”, disse Aureliano Nogueira da Costa, diretor-técnico do Incaper, que acompanhou a comitiva.

“Em nome do Conselho Nacional de Café, nós é que agradecemos a todos vocês que proporcionaram ao grupo um amplo conhecimento do belo desenvolvimento da cafeicultura capixaba. O CNC está atento ao desafio de lutar por políticas setoriais voltadas para a cafeicultora. E quando estamos bem informados, esta luta fica ainda mais fundamentada”, disse Maurício Miarelli, presidente das Cooperativas dos Cafeicultores e Agropecuaristas da Região de Franca (Coocapec), de São Paulo, representando o presidente do CNC.

“Estamos honrados com a presença de vocês. Com essa força que a gente sabe que a cafeicultura tem no Brasil. Não existe rejeição entre Arábica e Conilon. O que existe é parceria. Fazer cafeicultura não é fácil, e um dos maiores problemas aqui no Espírito Santo é a mão de obra. Isso está pesando para o nosso produtor”, finalizou Antonio Joaquim de Souza Neto, presidente da Cooabriel.

A propriedade da família Meirense, em Vila Valério, foi a última visitada pela comitiva. O município disputa com Jaguaré o título de maior produtor capixaba de café Conilon. “A cafeicultura em Vila Valério se desenvolveu mais rápido em Jaguaré, que se tecnificou primeiro. Mas Vila Valério conseguiu alcançar, e até superar, esse grau de tecnologia, com mais velocidade”, ponderou Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura. “Para nós, a evolução do café foi nos últimos dez anos. Aqui na propriedade, passamos a produzir até 160 sacas por hectare”, disse satisfeito o cafeicultor Edvaldo Barros Pinheiro.

Assuntos como técnicas de produção, poda, manejo, clones e beneficiamento dividiram espaço nas discussões com temas um tanto numéricos, como produção, produtividade e custo. “O nível de informação que o pequeno produtor capixaba tem é diferente do nosso. A gestão do negócio café aqui no Espírito Santo é mais avançada que a nossa. A gente pergunta custo, volume de produção, pergunta todos os números e o produtor tem a resposta na ponta da língua”, surpreendeu-se Marcos Mendes, de Varginha, Minas Gerais.

A irrigação foi outro aspecto que chamou a atenção dos visitantes. “No sul de Minas, só 10% da lavoura é irrigada. Aqui no Espírito Santo, vocês têm grande parte do café irrigado. Isso está diretamente ligado à produção. E mostra que o trabalho de extensão rural que o Incaper faz é realmente muito forte”, complementou Francisco Miranda de Figueiredo Filho, diretor-presidente da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel).

“O Conilon é permanente, é crescente. Temos que tomar decisões com relação ao Arábica. Observamos a topografia, observamos como vocês sobrevivem da cafeicultura e, principalmente, como conseguiram chegar a esse estágio de desenvolvimento”, preocupou-se Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooxupé.

Em cada um dos mais de cinco municípios visitados, a missão técnica foi recepcionada pela equipe do Incaper: Abraão Carlos Verdim Filho, Paulo Volpi, João Luiz Perinni, Luís Gustavo Vieira Maniak e Edion Maiquel Dubberstein. Os visitantes retornaram aos seus Estados de origem na última terça-feira (27).

Assessoria Incaper - 30/05/2014