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03/09/2014

AMEAÇA Cafeicultores contrários à importação de café verde

A intenção da multinacional Nestlé de importar café verde de outros países para compor blends da fábrica de café em cápsulas que pretende construir em Minas Gerais foi rejeitada pelos vários segmentos da cafeicultura no Espírito Santo, o segundo maior produtor brasileiro de café e o primeiro produtor de conilon. 
      “É uma abertura que pode virar um ralo e levar a cafeicultura capixaba, e também brasileira, para o buraco”, destacou o secretário estadual de Agricultura, Enio Bergoli, referindo-se à importação. Segundo ele,o projeto de implantação da fábrica nos moldes propostos “é inoportuno”.         A construção da fábrica de café em cápsulas é aceitável, mas sem a importação de café verde, enfatiza Bergoli. “O empreendimento é bem-vindo, desde que não tenha importação de café verde”, enfatizou Bergoli. A cafeicultura no Espírito Santo envolve cerca de 400 mil pessoas e representa entre 40 e 45% da renda rural capixaba. “Estamos trabalhando na defesa desse patrimônio”, enfatizou o secretário. 
        Na tarde de ontem foi enviado ao Ministério da Agricultura, à Confederação Nacional da Agricultura e ao Conselho Nacional do Café, um documento em que é destacada a posição contrária à importação de cafés pelo Brasil. 
        O manifesto é assinado por Bergoli e também pelos representantes de federação patronal e de trabalhadores na agricultura, cooperativas de café e outras instituições que representam a cadeia da cafeicultura no Estado e também em nível nacional. 
        Outra preocupação das lideranças que se manifestaram contrárias à importação de café verde é a possibilidade de entrada de pragas e a infestação das lavouras, colocando por terra todo o trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido faz muitos anos. 
         A fábrica que a Nestlé quer construir em Minas Gerais terá investimento de R$ 180 milhões e vai gerar 400 empregos. Pretende importar cerca de 50 mil sacas de café por ano do Vietnã, Etiópia,Quênia e Colômbia. De acordo com o projeto da nova indústria, 65% do blend do café monodose serão de cafés brasileiros. Os outros 35% do blend serão dos cafés importados. 

 Documento

 Cafeicultores e trabalhadores do setor fizeram um manifesto contra a vinda do café de fora. 

 Nestlé quer fábrica no país 

A Nestlé, por meio de nota, confirmou o interesse em trazer para o Brasil uma fábrica de cápsulas e “vem desenvolvendo estudos a fim de assegurar a consistência e a sustentabilidade do projeto. A empresa acredita no potencial do país e que o investimento resultará em benefícios importantes, tais como o incremento do parque industrial através de uma nova tecnologia, geração de empregos e a valorização da produção nacional de matérias-primas, principalmente cafés”. A empresa esclarece, ainda, que “tem trabalhado, com vários agentes da cadeia, para extinguir entraves com os quais tem se deparado e, assim, obter esse novo investimento para o Brasil”.

Rita Bridi, Jornal A Gazeta, Economia - Agronegócios