Carro-chefe da economia agrícola capixaba, o café conilon tem sido a cultura mais atingida pela seca. Com algumas regiões sem chuva há mais de 40dias,os produtores preveem, para
este ano, uma safra 20% menor do que a colheita passada. Isso significa perda
de R$ 960 milhões, segundo projeções da Seag.
Segundo o engenheiro agrônomo da Federação da Agricultura,Murilo Pedroni,
os prejuízos são piores do que os apontados pelo governo.“
Se não chover até fevereiro, 50%da safra do café está condenada. Isso deve
acontecer especialmente no Sul, onde é menor número de áreas irrigadas”, disse.
Diante da seca, agricultores que contam com café estocado estão evitando
vender o produto, pois esperam que o preço da saca tenha melhora significativa
nos próximos dias. “O produtor que tem mais folga financeira está segurando o
quanto pode”, explica o presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória,
Jorge Luiz Nicchio.
Os compradores, completa Nicchio, já enfrentam dificuldade para encontrar café no mercado. Isso fez com que, em poucos dias, o valor da saca saltasse de R$ 265 para R$ 280. “O produtor sabe que a produção vai cair e quer guardar o café para poder jogar com o preço.
O valor psicológico já é de R$ 300 a saca”, afirma Nicchio.
Segundo o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e
Extensão Rural (Incaper) e coordenador do programa estadual de cafeicultura, Romário Gava Ferrão, o Estado tem enfrentado altas temperaturas e a insolação, o que leva ao estresse da planta. Como mais da metade do conilon plantado no Estado é irrigado, e os reservatórios
baixaram muito, os produtores não têm disponibilizado a quantidade de água exigida pela planta.
Soma-se ao problema ofato de o período de seca ter coincidido com a fase em que a planta mais depende de água para encher os grãos. “Essa situação pode provocar o chochamento
do café e a formação de grãos menores, com menor peso”, frisa Ferrão.
Na primeira estimativa de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com base em dados de novembro e dezembro de 2014, estimou-se perda de 10% a15%.No entanto,
como a seca persistiu em janeiro, a projeção da Conab ficou “defasada”, diz Nicchio.
A produção capixaba de conilon em 2014 foi recorde, de 9,9 milhões de sacas.
Para 2015,a Conab previa 8,5milhões de sacas, mas a seca prolongada deverá
provocar uma perda maior, cerca de 2milhões de sacas a menos. (Patrik Camporez)
A Gazeta - Cidades - pg. 06 - Patrick Camporez.
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