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16/03/2016

Espírito Santo deve exportar até 50% menos café em 2016 em relação ao ano passado

Com a possibilidade de queda na safra de robusta pelo segundo ano consecutivo e os estoques remanescentes praticamente zerados, o Espírito Santo deve exportar até 50% menos café em 2016 em relação ao ano passado, quando registrou recorde. Essa fatia de mercado que foi conquistada pelo Brasil deve se voltar para o Vietnã, maior produtor da variedade no mundo.

Segundo dados do CCCV (Centro do Comércio de Café de Vitória), os embarques de robusta do Espírito Santo foram recordes em 2015, com 4,02 milhões de sacas de 60 kg. O maior volume exportado do grão na história do estado. Para o Centro, o dólar fez com que o mercado externo se tornasse mais competitivo. Normalmente, cerca de 90% do robusta capixaba era destinado ao consumo interno.

"Para os próximos meses já sabemos que vamos ter pouco café exportado. Calculo que em 2016 tenhamos uma queda de até 50% nos embarques de robusta do estado", afirma o presidente do CCCV, Jorge Luiz Nicchio.

Nos três primeiros meses de 2015, a média de exportação do robusta do estado foi de 300 mil sacas ao mês. No entanto, nos últimos três meses, esses números apresentaram queda. Em dezembro de 2015, foram embarcadas 90 mil sacas, em janeiro de 2016, 65 mil sacas e em fevereiro, cerca de 70 mil sacas.

No ano passado, as plantações do Espírito Santo enfrentaram uma das maiores secas dos últimos 50 anos. Em uma medida preventiva, em meio ao risco de desabastecimento, o governo priorizou o consumo humano e proibiu a irrigação das lavouras em algumas cidades. Cerca de 80% das plantações de café robusta dos capixabas utilizam sistemas de irrigação.

"Com base nas visitas que fizemos pelas fazendas do estado, estimo que a quebra nesta safra seja de 20%, totalizando produção entre 7 e 8 milhões de sacas", afirma o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Iran Bueno Ferreira. O estado também enfrentou problemas com a cochonilha, praga que ataca ramos e folhas novas, chegando até a matar os cafeeiros.

"Por conta da seca no ano passado, a safra do estado deve cair 15%, cerca de 1 milhão de sacas e fechar a safra com produção entre 7 e 8 milhões de sacas", estima o presidente do CCCV, Jorge Luiz Nicchio.

Nos últimos anos, a variedade robusta – usada para fabricar café instantâneo –, tem ganhado espaço no mercado externo, principalmente, pelo fato de seu preço ser mais atrativo. Porém, a crescente demanda externa pelo grão brasileiro fez com que os produtores usassem os estoques de safras passadas, uma vez que a colheita no estado tem sido baixa por conta das condições climáticas adversas desde 2014. Os envolvidos de mercado já estimam que os estoques da variedade no País cheguem a abril e maio praticamente zerados, fazendo com que o mercado se volte para o Vietnã.

Os produtores do país asiático tem bastante café em estoque. As exportações de robusta do Vietnã caíram mais de 20% no ano passado em relação a 2014, segundo dados do governo, apesar de uma safra grande. Enquanto isso, os embarques do Brasil subiram 21%.

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas