A iminência da autorização por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) da importação do café conilon do Vietnã e ou de outros países representa um grande prejuízo aos cafeicultores do Espírito Santo, sem contar os riscos fitossanitários de se trazer o grão verde de fora para o Brasil.
Desde o final do ano passado,
o ministério vem sinalizando que vai liberar a compra do robusta para atender
ao pedido das indústrias brasileiras de café torrado, moído e de solúvel. A
alegação é de que o mercado interno estaria com a produção baixa e que faltaria
grão para atendê-lo.
Apesar de o Espírito Santo - maior produtor de conilon do
país - ter sofrido com a pior seca dos últimos 80 anos, o que fez com que nos
últimos três anos afetasse diretamente a produção do grão - para se ter uma
ideia, em 2014, ano da safra recorde no Estado, foram colhidas 9,95 milhões de
sacas, e já em 2016 a produção registrou 5,035 milhões de sacas -, não há risco
de desabastecimento. Há estoque suficiente não só no Estado, como no Sul da
Bahia e em Rondônia, Estados produtores do café.
A seca fez com que o custo
aumentasse e a produção caísse. Por conta da lei trabalhista, fiscal e
ambiental do Brasil, é mais caro produzir aqui do que em outros países, como no
Vietnã. Essa importação, se autorizada, vai representar a queda no valor do
produto e atingir diretamente nossos produtores, que tiveram um 2016 muito
difícil. Ademais, estamos às vésperas do início da colheita deste ano.
Levantamento
da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que apontou que o estoque atual
do robusta no Estado, no Sul da Bahia e em Rondônia é de 2,2 milhões de sacas,
não condiz com a realidade. O grão armazenado deve chegar a 4 milhões de sacas.
O equívoco foi ocasionado porque somente foi levado em consideração o estoque
dos grandes armazéns, deixando os menores produtores, que são maioria no
Estado, de fora.
Além disso, os riscos fitossanitários de contaminação de
pragas, fungos, bactérias, sementes de ervas daninhas não existentes no Estado
e no Brasil, em caso de importação do grão verde, coloca em risco a segurança
alimentar, e pode ameaçar as plantações de conilon e de outras espécies
agrícolas do Espírito Santo e do Brasil. Uma vez importado, será praticamente
impossível impedir que novas pragas, doenças e ervas daninhas venham para o
Brasil.
O governo do Estado, juntamente com a bancada federal, tem se
mobilizado para sensibilizar o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, dos
prejuízos aos cafeicultores capixabas, à economia do Estado e aos riscos
fitossanitários. Lutamos para que o café conilon do Estado continue sendo referência
no mercado do Brasil e do mundo e que nossos produtores não sejam prejudicados.