Por Patrik Camporez - pmacao@redegazeta.com.br
Se os efeitos do governo Donald Trump na
economia brasileira ainda são uma incógnita, no caso capixaba, onde 30% do PIB
advém do agronegócio, cada passo do homem mais poderoso do mundo tem sido
acompanhado de perto pelos segmentos agrícolas.
De um modo geral, o secretário de Estado da
Agricultura, Octaciano Neto, avalia que Trump está atuando numa lógica de união
e fortalecimento com os países ao Norte, o que abriria espaço para o
agronegócio capixaba em mercados da Ásia e Europa, por exemplo. “A prioridade
dos EUA será com Canadá, mas também Reino Unido, Nova Zelândia e Austrália. Com
isso vai perder a identidade com Américado Sul, Europa e Ásia”, diz. Dessa
forma, os produtores do Estado ganham espaço na Ásia, países baixos e Europa
como um todo. “O campo que vai se abrir será maior do que o que vai se fechar.
Os Estados Unidos são muito forte como competidor na Ásia, e tende a diminuir o
fluxo de comércio para os países de lá. É aí que se abrem as oportunidades”,
acrescenta o secretário.
Alguns setores específicos, como do café e do
mamão, já começaram desenhar suas estratégias de atuação nesse novo cenário
global. Presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de
Papaya (Brapex), Rodrigo Martins diz que o setor ainda está apreensivo, mas
totalmente antenado nas oportunidades que poderão surgir.
Uma delas está ligação dos Estados Unidos com
o México. “Cem por cento da exportação do mamão do México vai para o mercado
americano. Se restringirem um pouco, a gente ganha competitividade. Por outro
lado, Papaya brasileiro hoje não tem taxação. Se algo mudar, isso pode nos
prejudicar”, pondera Rodrigo. Entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016, o
Espírito Santo exportou 8,6 milhões quilos de mamão para os EUA, totalizando um
faturamento de US$ 12.159.019, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio
Exterior e Serviços.
CAFÉ
No caso do café, também há apreensão entre produtores
e exportadores capixabas e brasileiros. Isso porque o café americano, que é
todo importado, sai quase todo do Brasil, Colômbia e Vietnã. “Individualmente,
como país, é o que mais compra café do Brasil”, lembra o presidente do Centro
de Comércio de Café de Vitória (CCCV), Jorge Luiz Nicchio.
Maior consumidor de café do mundo, seguido
pelo Brasil, os EUA compram anualmente 24 milhões de sacas, das quais 6,5milhões,
em 2017, foram embarcadas no Brasil. “Estamos falando de um grande comprador.
Nossa preocupação é o país criar uma barreira, ou criar alguma taxação
diferenciada, discriminando algum país. Eu não acredito que aconteça isso.
Tradicionalmente, são grandes consumidores nossos há muitos anos. Acho que não
vão diminuir a quantidade comprada”, reforça Nicchio.
Segundo os dados sobre o Intercâmbio
Comercial do Agronegócio (do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, - dados de 2013), apenas 5% de nossas exportações agrícolas vão
para os EUA. A China participa com 24%, a União Europeia com 21% e diversos países
com os demais 50%.
EXPORTAÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS CAPIXABAS
TOTAL DE EXPORTAÇÃO
·
Mamão (papaya) fresco US$16.759.788
·
Café não torrado e não descafeinado em grão
US$ 247.555.126
·
Café solúvel, mesmo descafeinado US$
43.478.604
·
Pimenta (do gênero Piper), não triturada nem
em pó US$ 64.234.193
·
Pimenta (do gênero Piper), triturada ou em pó
US$ 310.382
·
Gengibre, não triturado nem em pó US$
4.525.284
EXPORTAÇÃO CAPIXABA SOMENTE PARA OS ESTADOS
UNIDOS, ENTRE 01/2014 A 12/2016
·
Mamão US$ 12.159.019
·
Pimenta pipper (não triturada nem em pó) US$
56.347.583
·
Pimenta pipper (triturada ou pó) US$ 205.520
·
Café (não torrado e não descafeinado) - grão
US$ 348.809.335
·
Café (solúvel mesmo descafeinado) US$
52.749.934